Divaldo Lara (PTB), que está inelegível, disse que ação era “surpresa” para a oposição. “Jamais podemos ter um dependente químico fazendo leis”, disse o prefeito durante sessão de abertura da Câmara. Vereadores de oposição consideraram ação uma “cortina de fumaça”, mas aceitaram realizar o teste.
O prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), sugeriu que vereadores de oposição passem por testes toxicológicos para comprovar que não fizeram uso de drogas. O chefe do executivo municipal chegou a levar uma enfermeira e cinco testes toxicológicos para uma sessão da Câmara de Vereadores na última sexta-feira (3).
Vereadores de oposição mostrataram indignação com a ação, que consideraram uma “cortina de fumaça”, mas aceitaram realizar o teste.
“Jamais nós podemos ter na condução do município um dependente químico fazendo leis, fazendo as políticas públicas para as nossas crianças. É por isso que eu contratei o laboratório Bio Análise e ali tem cinco testes toxicológicos, que eu quero oferecer para a bancada do PT“, disse o prefeito durante a sessão de abertura dos trabalhos parlamentares da cidade, que fica na Fronteira Oeste do RS.
Lara foi eleito prefeito de Bagé em 2016 e reeleito em 2020. Uma de suas bandeiras na campanha foi o combate à corrupção, simbolizado por um relho. Ele foi declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022, mas não está impedido de cumprir o mandato.
A ação de levar exames toxicológicos para os vereadores, que Lara chamou de “surpresa” para a oposição, não foi combinada previamente com a Câmara, diz o presidente da casa, Rodrigo Ferraz (União Brasil).
Os cinco testes, de acordo com o vereador Lélio Nunes Lopes Filho (PT), eram destinados aos parlamentares de oposição: quatro petistas e uma do PSB. Lelinho, como é conhecido o vereador de oposição há mais tempo na casa, considera a ação uma “cortina de fumaça”.
“Nas primeiras sessões do ano, ele costuma levar uma torcida para a Câmara para tentar colocar os vereadores em uma saia justa. Tenta atrelar à oposição várias causas, como dizer que o PT é a favor da legalização da maconha. A cidade está cheia de problemas, ele responde a 13 processos, está inelegível. É uma cortina de fumaça”, diz o parlamentar.
Após a repercussão do caso, o prefeito divulgou um vídeo em suas redes sociais argumentando que “quem não deve não teme” e que propôs um projeto de lei à Câmara de Vereadores para que sejam disponibilizados exames toxicológicos a todos que ocupam cargos públicos em Bagé.
“Em Bagé, alguns vereadores esquerdistas se sentiram coagidos, se sentiram ofendidos e também constrangidos. Isso tudo porque, ao visitar a Câmara de Vereadores, levei meu exame toxicológico e convidei todos os parlamentares a também fazerem o exame. Ora, quem não deve não teme. Diversos profissionais e atividades precisam fazer esse exame para o exercício do seu cargo”, diz o prefeito.
Nas imagens apresentadas no vídeo, o prefeito mostra um teste toxicológico feito por ele. No entanto, a data registrada no documento é de 2020. O vereador Lélio Filho diz que os vereadores da oposição fizeram o teste na Câmara e também em um outro laboratório, contratado por eles.
“Por que ele apresentou um teste de 2020? Eu acho que é um lugar impróprio, mas a gente fez os testes lá na Câmara e também em um laboratório particular”, diz.
O presidente da Câmara, Rodrigo Ferraz, do União Brasil, disse que acha válida a demanda do prefeito, já que o município está passando pelo que classificou como “epidemia” de drogas, e os vereadores “precisam dar exemplo”, assim como profissionais de outras áres que realizam esse exame, citando o caso de motoristas.
Fonte: G1